A simplicidade de um gesto de amor pelos familiares versus a complexidade e o desgaste emocional de viver uma vida no armário deixa claro qual caminho é mais fácil, mas mesmo provando por A+B que o acolhimento é o melhor para todos, ainda assim o embate entre a aceitação familiar e o desgaste emocional causado pelo ocultamento da própria sexualidade, configura uma realidade palpável para muitos jovens gays. Meninos por todo mundo são forçados a apagar sua verdadeira essência para tentar se adaptar ao mundo heteronormativo, na maioria das vezes motivados pelo medo de decepcionar seus familiares. Por que complicamos o que deveria ser simples?
É sobre isso que trata o filme "SIMPLES ASSIM", curta-metragem escrito por Felipe Cabral disponível no YOUTUBE. A trama, apesar de contar sobre o jovem gay Mauricio, tem como principais personagens os pais do garoto, Mauro e Joana, que protagonizam o momento de descoberta da sexualidade do filho com uma sequência de diálogos que tratam com leveza e profundidade temas tão densos e significativos, estabelecendo uma comunicação direta com aqueles que vivenciam dilemas similares, mostrando que a aceitação, embora possa parecer um grande desafio para algumas famílias, é na verdade o ato mais simples e amoroso que podem oferecer.
O que mais chama atenção no filme é como ele consegue ser tão direto e, ao mesmo tempo, carregar tantas camadas de significado, a propósito, essa é uma das marcas dos textos do Felipe Cabral. Essa é uma daquelas obras que a gente pode assistir várias vezes e sempre tirar algo novo, mesmo sendo um curta. A narrativa se desdobra em um cenário familiar comum, pontuado por momentos de tensão, comédia e carinho, revelando gradualmente a complexidade das relações humanas. A produção habilmente utiliza o cotidiano como pano de fundo para questões mais amplas, criando um contraste entre o que é dito e o não dito, o visível e o invisível.
"Simples Assim" é uma obra que ressoa pelo seu otimismo cauteloso e sua honestidade emocional. Através de diálogos realistas e situações cotidianas, consegue transmitir a mensagem de que a aceitação é um gesto simples, mas requer diálogo e, sobretudo, amor.
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