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Amar é aprendizagem


A busca desenfreada por amar e ser amado, a necessidade de ser aceito e descobrir seu lugar no mundo são sentimentos universais. Somos sedentos por conexões profundas e significativas, independentemente da orientação sexual, mas muitas vezes não temos as ferramentas necessárias para compreender esse sentimento, principalmente ao se tratar do homem gay, um homem forjado através de um menino que cresceu se limitando, se escondendo...se apagando. O que esperar de um homem assim? Como saber amar sem nunca ter sido ensinado? Como lidar com o amor, se esse sempre foi motivo de medo? Como viver bem consigo mesmo com toda essa carga de sentimentos reprimidos e atrofiados num corpo que não pode libertá-los.


O filme CORAÇÃO ERRANTE disponível na HBO é um perfeito reflexo da vida de tantos homens gays, principalmente no processo de envelhecimento. A trama aborda um homem atormentado pela solidão, mesmo que esteja sempre cercado por pessoas. O protagonista Santiago vivencia um dos grandes males da contemporaneidade: a incapacidade de um interrelacionamento pessoal verdadeiro, que leva a um incontrolável medo de estar só. As dificuldades de lidar com os sentimentos são consequências de não ter tido bons exemplos, e isso acaba se repetindo com sua filha, virando uma bola de neve social.


A vida fica mais fácil quando aprendemos as coisas em seus tempos naturais, porém isso é roubado de muitos homens gays, que acabam desenvolvendo um "coração errante", que confunde sexo com amor, desejo com paixão, flertadas com romantismo; tornando-se um homem maduro na idade mas um adolescente na essência. Deixando a vida escorrer entre os dedos.


Existe uma poesia nessa narrativa, é um recorte sensível de uma vida real, que fala de tesão, solidão e esse nosso constante medo da rejeição. Somos o fruto de muitas desilusões e ao expor isso pelo olhar de um homem gay e pai solo, fica ainda mais profundo. Santiago é uma metáfora desses homens que estão nos apps, nas baladas, tentando ser que não puderam ser outrora, mas ao mesmo tempo cansados de atuar nesse personagem. O filme expõe nosso medo de envelhecer sem estabilidade emocional... de ter tanto o que dizer e não ter a quem ouvir...

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