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Amor agridoce

A primeira vez que eu fiz uma resenha de um filme, foi valendo nota, aos 13 anos na aula de português após o assistir Anastácia, a animação sobre a última princesa da Rússia. Lembro-me bem da professora Márcia elogiando-me pela capacidade de sintetizar a história. Anos depois, já na faculdade, conheci um Romanov, em tese um descendente da extinta família real Russa; ficamos após uma festa da UFES numa pracinha na porta do prédio dele, a poucos metros do meu prédio. Imaginem só, um homem “russo” beijando outro homem em público? Em seu país de ‘origem’, que proíbe qualquer manifestação pública diferente da heterossexualidade e alimenta a intolerância e homofobia, isso seria impossível mesmo nos dias de hoje, imagine em 1970 nas forças armadas soviéticas.


O filme FIREBIRD, disponível para aluguel no Google TV, retrata exatamente esse período. Uma câmera aponta para uma linda mulher que aguarda ser fotografada pelo belo piloto de guerra. Ela sorri; está acostumada a ser olhada com interesse e admiração. Mas vemos através das lentes da câmera e do olhar do fotógrafo que o foco foi ajustado para desfocar a mulher em primeiro plano e tornar mais nítida a imagem do homem atrás dela. O fotógrafo é Roman, o homem em quem ele está literalmente focado é Sergey. Essa é mais uma história de amores não vividos. O drama é baseado no livro 'A Tale About Roman', que conta a história real de Sergey Fetisov.


Sergey nunca gostou de servir ao exército e contava os dias para ser livre e viver seu sonho de ser ator; mas nas vésperas do grande dia ele conhece o Roman, o piloto de caça que se sentia livre apenas quando estava no céu, mas que encontra em Sergey uma vontade de se permitir amar; mas como? O medo da prisão e dos trabalhos forçados por serem enquadrados como homossexuais tornava quase impossível o desabrochar daquele sentimento...quase!


Pássaro de Fogo (firebird) é também o nome de um balé de 1910 baseado nos contos populares russos sobre o pássaro mágico brilhante que é tanto uma bênção como uma perdição para o seu captor. Percebem a poesia na escolha desse nome como título do filme?


Apesar de toda melancolia, esse é um dos filmes mais lindos que já assisti.

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