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Amores interrompidos

Quando o amor não cabe dentro de você e é necessário o espaço que existe no outro também; quando só existe uma unidade na junção de dois corpos ou quem sabe duas almas; quando a certeza do fim é um fato e os sentidos ficam todos amplificados para que nenhum resquício de felicidade seja desperdiçado, quando a história do que poderia ter sido se torna melhor do que o desfecho que ela realmente teve...quando tudo isso acontece é porque foi criada a memória do maior amor da sua vida, e sim, essa ferida sempre vai doer, mas afinal, quem passa por essa vida ileso da melancolia?


De maneira poética e passional, esse é um pouco do enredo do filme ME CHAME PELO SEU NOME, disponível na Netflix. A obra, e aqui realmente vale chamar de obra de arte, conta a história de Elio, um jovem de 17 anos que passas as férias de verão com os pais numa casa digna de belos romances, aonde todo ano o Pai de Elio recebia um estagiário para ajudar em suas pesquisas. No verão de 1983 esse estagiário foi o inesquecível Oliver.


A diferença de idade entre Elio e Oliver intimida o início da relação, mas nada seria capaz de impossibilitar o decorrer dessa história. Tudo ao redor parecia levá-los ao inevitável, e após superadas as barreiras invisíveis que os mantiveram distantes, tornam-se complemento um do outro. Nesse filme muitas coisas chamam a atenção, como a atmosfera pacífica e acolhedora da família que não permite nenhum conflito clichê sobre a descoberta da sexualidade. O drama aqui está na consciência da efemeridade daquele momento e em como o fim fica a cada instante mais próximo.


A essência do dolce far niente se intercala com a sexualidade a flor da pele, e tudo isso faz a trama parecer um devaneio shakespeariano, mas ao mesmo tempo tão real que te faz desejar viver aqueles dias. Há, no entanto, uma pérola nesse filme que está além da paixão entre Elio e Oliver, o monólogo final do Pai do Elio sobre sua total aceitação do que aconteceu naquele verão, mas que a meu ver soa como um melancólico desabafo de um homem no armário que nunca se permitiu viver o que o filho viveu. Será?


Por fim, chamar o outro pelo seu nome é ou não uma forma de se expandir...de transbordar? ❤

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