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Aprendendo a modular o amor


Eu costumo dizer que meus relacionamentos foram me transformando em quem eu sou hoje, e quem me conhece sabe que eu bato categoricamente na tecla de que o primeiro amor nunca dura pra vida toda, raríssimas as exceções. Os primeiros amores carregam em si uma intensidade que dificilmente se repete ao longo da vida. São experiências que moldam nosso entendimento sobre o que é amar e ser amado, sobre paixão, desejo e, muitas vezes, sobre dor e perda. Há uma pureza nesses sentimentos, uma novidade crua que torna tudo mais vivo, mais vibrante. Mas o tempo leva nossa inocência e transforma nosso olhar pro mundo; com o tempo esses amores parecem não caber mais em quem nos tornamos. A juventude que foi o palco perfeito para esses amores avassaladores acaba, mas as histórias vividas deixam marcas profundas pro resto de nossas vidas.


É sobre isso que fala o filme "Été 85" traduzido literalmente como VERÃO DE 85 e disponível no TELECINE. A trama gira em torno do jovem Alexis, que após quase se afogar, é salvo por David. O que começa como uma amizade rapidamente se transforma em romance. O relacionamento dos dois é uma mistura de amor, paixão, obsessão e descoberta, algo bem característico dos relacionamentos na adolescência, principalmente quando se trata de uma descoberta da sexualidade. Eles estão em uma fase da vida onde tudo é sentido de forma mais intensa e dramática o que pode levar a uma espécie de idealização do relacionamento, deixando turva a diferença entre o que é amor e o que é necessidade de amar.


O filme é narrado através das emoções em estado bruto, da euforia do novo amor à angústia da perda com toda sua carga de culpa. David parece ser mais aventureiro, impulsivo e talvez um pouco mais ciente das nuances da sua sexualidade, enquanto Alexis é mais inocente e romântico. Essa diferença cria um terreno fértil para a efemeridade do relacionamento, que é reforçado pelo título que demarca um momento muito específico, o verão de 85.


Essa não é apenas uma história sobre dois jovens se descobrindo; é um espelho que reflete as experiências universais dos primeiros amores, suas marcas e a inevitável passagem do tempo que transforma tudo, exceto as lembranças.

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