28 de set.2 min para ler

Cenários de guerra

Existem dois cenários que com certeza fazem parte da história de todo garoto gay, e que testam nossa resiliência e moldam nossa experiência: o ambiente escolar e o familiar. Ambos os espaços, idealmente locais de segurança, frequentemente se transformam em arenas guerra. Na escola, o jovem enfrenta o bullying e uma falta de suporte institucional que deveria protegê-lo, refletindo a resistência de uma sociedade que ainda se mostra preconceituosa. Em casa, a reação da família pode variar, indo da aceitação até a rejeição, mas quase sempre criando marcas profundas no desenvolvimento emocional do adolescente, já que o simples fato de ter um momento de saída do armário já é um marco conflituoso.

O filme "Beijos Escondidos", disponível no Prime Video, ilustra bem esses desafios. A narrativa é sobre a vida de Nathan, um jovem que é involuntariamente exposto quando uma foto sua beijando outro garoto vaza para toda a escola. A partir deste ponto, o filme desdobra as reações em cadeia tanto na escola quanto em casa, oferecendo um panorama dos obstáculos que jovens gays frequentemente enfrentam. A rejeição e o bullying escolar são temas centrais, assim como a complexidade das dinâmicas familiares, que são exploradas com sensibilidade e profundidade.

Nathan se apaixona por Louis logo no primeiro beijo, beijo este que foi compartilhado na internet, mas só Nathan era reconhecível na foto, o que o fez sofrer sozinho todas as consequências iniciais, inclusive atos violentos que poderiam ter acabado em morte. Enquanto a escola inicialmente falha em proteger Nathan, em casa, a convivência com seu pai, que inicialmente reage com desconforto e vergonha, se transforma em uma das partes mais tocantes do filme. Sua evolução de um pai confuso para um defensor dos direitos e bem-estar de seu filho sublinha a capacidade de mudança e aceitação que pode ser gerada mesmo dentro de contextos inicialmente adversos.

"Beijos Escondidos" serve como um lembrete poderoso e necessário de que a luta contra o preconceito é contínua e as escolas têm um papel fundamental como espaço de ruptura dessa cadeia de preconceitos, gerando futuras famílias mais acolhedoras e amorosas.