Um dos principais mitos constitutivos da cultura ocidental, repetido sem qualquer questionamento, é o de Adão e Eva. Com essa simbólica narrativa que parece tema de ficção cientifica com direito a clonagem a partir do DNA de uma costela, formou-se todo o inconsciente coletivo do patriarcado e seu machismo estrutural.
“Deus criou Adão e Eva e não Adão e Ivo.” - é com esse argumento que centenas de milhares de pessoas tentam interferir na liberdade de escolha dos outros. É mais ou menos como usar o argumento de que se você não for bonzinho o Papai Noel não trará presentes no Natal, e pior, acreditar na veracidade do que está dizendo.
Basicamente é sobre isso o filme entitulado: Uma Segunda Chance, disponível no Prime Vídeo e no Youtube. A história começa com um adolescente tendo alta de um centro de terapia de CONVERSÃO GAY. É isso mesmo que vocês leram. Um pai sem saber como lidar com o comportamento do filho o coloca num centro cristão de terapia de conversão, que também podemos chamar de centro de tortura psicológica.
O garoto que já tinha motivos o suficiente para se preocupar por questões naturais da adolescência, agora tem mais uma sombra em sua vida, se sentir culpado por desviar-se dos ‘caminhos de deus’ e ‘flertar com o demônio’. Essa lavagem cerebral causa danos não apenas para quem sofre a influência, mas para todos que terão que conviver com uma pessoa frustrada, infeliz e insegura, inclusive, esse é um dos ingredientes perfeitos para os casamentos por aparência.
No filme, contamos ainda com elementos que só deixam tudo ainda mais difícil - uma cidade pequena e rural, a obrigação de manter o trabalho da família, a convivência com o ‘pecado’ bem ao lado, a sociedade empurrando relacionamentos heteronormativos... nossa! Confesso que no início chegou a me dar um incomodo 🤢 em determinadas cenas, mas fiquem tranquilos, o filme é de 2016, seria incabível lidar com esse tema sem um desfecho aceitável para o novo modelo de sociedade que estamos construindo.
“TODO MUNDO MERECE UMA CHANCE DE SER FELIZ.” É com essa frase do próprio filme, que eu digo: vamos ser felizes como somos, a vida não acontece por acaso. Aproveitem a dica!
Lição: Respeito é uma via de mão dupla
O mito de Adão e Eva é uma narrativa fundamental na tradição judaico-cristã, e muitas vezes é usada como um símbolo da criação da humanidade e do pecado original. No entanto, o mito também tem sido usado para justificar a opressão e a discriminação contra mulheres e minorias sexuais, ao reforçar a ideia de que a heterossexualidade é a única forma "natural" de sexualidade.
No entanto, é importante lembrar que o mito de Adão e Eva é apenas uma narrativa simbólica e não deve ser tomado literalmente. A liberdade de escolha das pessoas em relação à sua identidade de gênero e orientação sexual deve ser respeitada e não deve ser limitada por argumentos baseados em interpretações questionáveis de histórias religiosas.
Data de lançamento - 2016 (EUA)
Direção - Kerstin Karlhuber
Roteiristas - Jack Bryant(story) Kerstin Karlhuber(story)
Artistas - Michael GrantTom WopatGregory Harrison
