“Posso ser seu Game Boy
Seu brinquedo, seu herói
Você vai me amar de qualquer maneira
Eu já sei a sua vida inteira [...]
Me diz qual o seu tipo, eu sei me transformar
Amor, se eu não basto, o que gostar, eu faço, você vai me amar
Eu sou seu Game Boy”
A música do Jão caiu como uma luva. De certa maneira é exatamente sobre isso o mais novo sucesso da Prime Video: SALTBURN. Aliás, a trilha sonora do filme é sensacional. A trama conta sobre um possível e desejável romance entre Oliver, um 'pobre' bolsista na universidade de Oxford e Félix, um jovem aristocrata britânico, quase inacessível e que parece ter passado 10 vezes na fila da beleza quando nasceu. Mas o que poderia ser mais um conto de fadas Gay, seguindo os passos de ‘Vermelho, Branco e Sangue Azul’, torna-se um suspense com um ar gótico de desventuras em série. Luxúria, obsessão amorosa e desejos não consumados se fundem em um anseio compulsivo por algo que ainda não sabemos, mas o que acontece no decorrer do filme pode te surpreender.
SALTBURN é quase um conto homoerótico frustrado, e isso não é um spoiler, na verdade é gratificante ver que a homossexualidade de personagens tão bem construídos possam existir para além dos romances. O filme começa com Oliver declarando o quanto amava Félix, e isso já nos deixa alertas para possíveis problemas no desenrolar da trama; logo em seguida somos transportados ao passado onde podemos acompanhar o início de tudo.
É importante lembrar que existe uma sátira de classe social implacável nessa obra e é nesse contexto que, em vários momentos, somos estimulados a pensar que Félix gostava de brincar com os sonhos de pobres garotos, tendo amigos de verão ‘descartáveis’ para suprir suas necessidades; mas, ele não poderia imaginar que um dia encontraria um sociopata que saberia jogar esse jogo como ninguém. Muitas vezes associada a transtornos de personalidade antissocial, a sociopatia tem como uma de suas características a capacidade de fingir ser alguém que não se é; a facilidade em mentir torna-se uma habilidade que alguns utilizam para obter vantagens e manipular pessoas. Não me sobra muito o que dizer, a não ser:
Cuidado com aquilo que tu cativas!