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Instinto

Todos buscamos pelo prazer e isso não é exclusividade homossexual, não por acaso a prostituição é considerada uma das profissões mais antigas do mundo; com origem nas primeiras civilizações da Mesopotâmia, cerca de 3 mil anos a.C. Mas uma coisa é certa, nós gays não estamos preocupados com o dinheiro, na grande maioria dos casos os envolvidos estão interessados apenas com o ato em si, no gozo. Essa característica pode ser ao mesmo tempo libertadora e fatal, fazendo-nos muitas vezes agir pelo instinto, arriscando nossas vidas pela excitação do momento.


Por muito tempo ignorei o filme que fala exatamente sobre isso, trata-se de UM ESTRANHO NO LAGO, obra francesa disponível no RESERVA IMOVISION. A trama é repleta de camadas e de vazios, mas principalmente cheia de sensualidade, natureza e sexo. Sim, eu disse sexo, e sem censura; é como se o autor quisesse deixar explicito que o sexo é da nossa natureza, inclusive nos colocando desnudos na floresta na beira de um lago, tirando toda nossa racionalidade e nos colocando apenas como os mamíferos que somos; sobrevivendo, contemplando... transando.


Existe uma poesia nesse filme, um livre arbítrio liberto da ética social. Franck, o personagem principal, desempregado, passas suas tardes de verão indo banhar-se no lago, uma espécie de sauna gay ao ar livre, um lugar aonde claramente vai para suprir seus desejos e escapar de seus problemas, no fundo uma tentativa de encontrar a esperança na beira do lago, e de fato o lago revela dois caminhos para Franck; dois personagens cruciais para a trama, que simbolizam a segurança e a aventura, a passividade e a violência, e com isso o filme joga na nossa cara o quanto somos tendenciosos a agir motivados pelo nosso próprio prazer.


A repetição e similaridade das cenas na trama reforça a rotina, e o quanto nossas vidas são tediosas, mas principalmente o quanto nos prendemos aos prazeres como fuga do tédio, nos viciando cada vez mais nessa repetição.


UM ESTRANHO NO LAGO é um filme sobre um crime, sobre desejos, mas acima de tudo pode ser uma metáfora sobre a superficialidade das redes sociais voltadas para o sexo, e como podemos nos afogar nessa busca sem fim pelo prazer sexual.

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