28 de set.2 min para ler

Irresponsabilidade Afetiva

A imaturidade emocional pode ser um dos maiores desafios nos relacionamentos modernos, que na maioria das vezes se demonstra através de comportamentos egoístas e até mesmo socialmente tóxicos. É comum que pessoas imaturas emocionalmente encontrem dificuldades para estabelecer conexões saudáveis, já que é natural que coloquem sempre suas necessidades e desejos acima do bem-estar dos outros, sem nem ao menos considerar as consequências de suas ações. Essa característica pode levar a um ciclo vicioso de satisfação instantânea e arrependimento tardio, onde a responsabilidade afetiva é repetidamente negligenciada. O resultado é um padrão de relações frágeis e dolorosas, oscilando entre a intensidade do afeto e a dura realidade dos conflitos e desentendimentos por pura imaturidade ou falta de autoconhecimento.

É exatamente sobre isso que o filme PASSAGES, disponível no Mubi, retrata com uma crueza impressionante. A trama conta a sobre Tomas, um cineasta gay, casado com Martin, mas que em dado momento se pega apaixonado pela jovem Agathe, ficando deslumbrado com a possibilidade da bissexualidade. O filme mergulha nas consequências emocionais dessa relação triangular, discutindo a fluidez sexual e os desafios enfrentados pelos personagens para se adaptarem aos desejos de Tomas, que parece brincar com o sentimento alheio como uma criança que descarta um brinquedo ao ganhar um novo.

A obra mergulha nas repercussões emocionais e éticas das ações egoístas do personagem central, dando destaque na forma como a busca cega por satisfação pessoal pode afetar profundamente as pessoas ao redor. Com uma narrativa crua e realista, "Passages" não romantiza as falhas e dificuldades dos relacionamentos, oferecendo um olhar sincero sobre as consequências da imaturidade emocional e da complexidade das relações humanas.

Definitivamente esse não é um filme sobre romances como o trailer faz pensar, mas sim sobre o buraco e o vazio que surgem em todos os envolvidos num relacionamento abusivo; a narrativa joga luz na necessidade de que todos conheçam seus reais desejos e sejam capazes de lidar com as consequências sem machucar outras pessoas no percurso. Nem tudo é passageiro.