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Necessidades primitivas

A repressão sexual não é uma característica inerente à natureza humana, mas sim uma construção social que evoluiu ao longo do tempo. Michel Foucault, um renomado filósofo, destaca como a sexualidade está intrinsecamente ligada ao poder e ao controle social, e como a transformação do sexo em tabu é uma construção cultural que tem evoluído ao longo da história, influenciando nossa compreensão e regulação da sexualidade humana. Não à toa hoje vemos cada vez mais pessoas conquistando espaço e dinheiro com aplicativos onde a própria sexualidade é fonte de renda; é uma espécie de retomada do controle da própria expressão sexual, mas por outro lado ainda temos pessoas que se anulam por não conseguirem dar vasão à energia sexual da maneira adequada com a sua essência.


O filme CONSEQUÊNCIAS DA VIDA, disponível no LOOKE, traz esse assunto de uma maneira quase erótica, o que reforça o tema abordado. A trama conta a história de Thomas, um cartunista nova-iorquino com dificuldade de se concentrar em seu trabalho e sexualmente infeliz com seu marido; e acaba buscando na masturbação uma maneira de escape, imaginando-se em cenas em que seus desejos têm de fato vasão; não só imaginando, mas experimentando algumas tentativas extraconjugais de suprir seu vazio sexual, até que, em certo momento, conhece um misterioso homem que mexe com seus desejos mais primitivos.


Thomas na verdade tem fetiche no sexo que traz embutido a ideia de dominação quase irracional, o sexo que retira de nós a humanidade e nos iguala ao resto dos animais; e na ânsia de experimentar essa sensação, ele cai na maior cilada da sua vida. Muitos não sabem distinguir domínio de posse, e nessa confusão, o que era só uma busca por prazer pode sair do controle e remontar a exploração sexual pela escravidão.


CONSEQUENCIAS DA VIDA é um filme ao mesmo tempo excitante e difícil de digerir, com cenas capazes de deixar suas veias pulsantes, enrijecendo e umedecendo involuntariamente seu corpo, e logo em seguida te deixando com asco do que está vendo. Mas no fim, tudo isso tem a ver com a forma com a qual fomos educados para lidar com os desejos sexuais, ou como o próprio filme diz, fomos domesticados. Vai encarar?

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