Entender a própria sexualidade, especialmente quando ela foge das normas estabelecidas pela sociedade, é um processo íntimo e muitas vezes turbulento. Desde pequenos, somos bombardeados por um mar de expectativas heteronormativas e crescer imerso nessa realidade pode fazer com que qualquer desvio dessa norma pareça, de início, errado e assustador. O medo do julgamento externo é real e palpável. Mas o processo de autoaceitação é justamente isso: um processo. Ele pode ser doloroso e demorado, porque envolve desaprender muitas das coisas que nos foram ensinadas e abraçar uma identidade que, apesar de sempre ter sido nossa, foi muitas vezes negada ou reprimida, mas depois que você experimenta ser quem você realmente é, você fica mais forte para lutar pelo que ama.
Esse processo é complicado até para quem tem superpoderes, como é o caso da série SHADOWHUNTER, disponível na Netflix. A trama conta a história de Alec e Magnus, que embora não sejam os protagonistas da série, acabam ganhando destaque pela química entre os personagens e a delicadeza da construção do amor entre eles. Alec, um Shadowhunter, que luta contra sua própria sexualidade, se vê apaixonado por Magnus, um feiticeiro confiante e abertamente bissexual. Além das questões sociais heteronormativas e o conservadorismo, ainda há o preconceito por ambos serem de espécies diferentes, sem falar de um medo extra, saber que seu grande amor não é imortal como você.
O medo de Alec de ser rejeitado por amigos, família e pela sociedade em geral é uma barreira enorme e presente na vida de muitos meninos. Quantos de nós não passamos anos escondendo quem realmente somos, tentando nos encaixar em moldes que nunca foram feitos para nós? Ter isso numa produção de ficção é o que podemos chamar de representatividade, pois ela estoura a bolha de conteúdo LGBT+ e alcança um publico maior, tornando o assunto mais presente na rotina das pessoas; assim como recentemente tivemos o casal Ramiro e Kelvin roubando a cena em uma novela no horário mais nobre da principal emissora brasileira.
Embora tudo possa tornar esse processo desafiador, há uma beleza incomparável em atravessar esse caminho. O amor é o maior superpoder.
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