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O sonho da liberdade


Não existe uma hierarquia de opressões; não podemos priorizar uma luta em detrimento de outra. A opressão é um sistema interligado que afeta as pessoas de maneiras complexas e sobrepostas. Quando lutamos por liberdade e igualdade, devemos lutar por todas as pessoas, independentemente de sua raça, gênero, sexualidade, classe, deficiência, ou qualquer outra característica. Quando falamos sobre liberdade verdadeira, estamos falando sobre uma liberdade que abraça todos os aspectos da identidade de uma pessoa de forma igualitária. É difícil celebrar o sucesso em uma área de direitos humanos enquanto negligenciamos outras, até porque, os mesmos indivíduos podem ocupar diversas esferas que somadas formam a sua identidade essencial.


O filme RUSTIN, disponível na NETFLIX e indicado ao OSCAR 2024, trata exatamente dessa interseccionalidade. A trama mergulha na vida de Bayard Rustin, uma figura central nos movimentos pelos direitos civis nos Estados Unidos e explora não só a sua contribuição crucial para a Marcha sobre Washington em 1963, onde Martin Luther King Jr. fez o seu famoso discurso "I Have a Dream", mas também aborda os desafios que Rustin enfrentou por ser um homem gay em uma época em que isso era ainda mais marginalizado do que hoje, tendo inclusive suas qualidades enquanto estrategista colocadas em cheque apenas por conta de sua orientação sexual.


O filme se passa em uma época em que a homossexualidade era considerada uma doença mental pela Associação Americana de Psiquiatria, e as leis contra a sodomia eram aplicadas em todo o país, criminalizando as relações homossexuais. Homens gays eram frequentemente alvo de violência policial; bares e espaços de encontro LGBT+ eram sujeitos a batidas policiais regulares, e muitos indivíduos eram forçados a viver suas vidas em segredo. O que ecoa até hoje em nossa cultura.


"Rustin" não apenas honra a memória de seu protagonista dando luz à importância de um homem GAY na história, mas também serve como um lembrete de que a verdadeira liberdade e igualdade só podem ser alcançadas quando lutamos contra todas as formas de discriminação e opressão, reconhecendo e valorizando a intersecção de todas as nossas lutas.

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