Quem nunca tentou, e até conseguiu, enterrar algumas memórias e seguir a vida como se nada tivesse acontecido? Quando essas lembranças nos machucam, talvez enterrar seja uma saída prática e inconsciente para não ter que lidar com a realidade, mas não se enganem, elas sempre voltam do mundo dos mortos.
Alex Strangelove é sobre isso, a propósito, o filme está na Netflix, só não sei até quando, porque a plataforma está deletando vários filmes incríveis.
Sobre a trama, devo confessar que é um dos meus estilos favoritos, a famosa comédia romântica adolescente! Sim, apesar de ver de tudo, eu gosto mesmo é de sentar e me divertir com conteúdo leve. O filme conta a história de um nerd, o típico gay que se torna o melhor aluno, o mais educado e inteligente da escola, se reconheceu? A famosa síndrome do bom garoto. Contudo, Alex era tão bem resolvido em seu mundinho do ensino médio, que sua sexualidade nunca foi uma questão, pelo menos não até conhecer um cara que mudaria tudo daquele ponto em diante. Eu lembro do cara que me fez mudar tudo! O amor quando encontra o desejo, ahhhhh que combinação poderosa!
O filme inteiro segue a conhecida receitinha de bolo de filme americano que tem o baile de formatura como o ápice, o diferencial é que estamos falando de um padrão tipicamente heterossexual para abordar a realidade homossexual, vocês entendem como isso é poderoso para milhares de adolescentes?
Existe ainda um outro ponto de beleza no filme, o fato de que a sexualidade é um conflito APENAS INTERNO do personagem em questão, não há problemas externos, não há vilões ou quaisquer outros impedimentos, a não ser as memórias enterradas que, de certa forma, podem ter moldado a forma como ele viveu por todos esses anos.
No fim das contas, essa é uma produção sobre jovens, mas acaba falando muito mais sobre os adultos de hoje, que por algum motivo continuam no armário com suas vidas cheias de memórias enterradas que só servem para prolongar a dor e sofrimento.
Que tal colocar tudo pra fora antes de se afogar nas suas angústias, e usar o armário como casulo para deixar de ter uma vida rastejante e descobrir a liberdade de poder voar?