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Toda história é especial

Se por um lado vivemos o melhor momento quando o assunto é o acesso às produções audiovisuais com representatividade para meninos e homens gays, por outro estamos trilhando os mesmos caminhos das produções heterossexuais com uma padronização dos estereótipos dos personagens, criando uma supervalorização de um tipo de fenótipo, deixando de lado uma infinidade de histórias que nunca serão narradas. A sociedade quase sempre se concentra em padrões convencionais de beleza e capacidade, e talvez isso seja parte da construção da cultura de um tempo, porém resulta na invisibilidade de indivíduos que não se encaixam nesses padrões, o que piora quando um único individuo se vê como reflexo de várias exclusões, por exemplo gays negros, ou gays deficientes.


A série de hoje chama-se SPECIAL, e está disponível na Netflix. A trama gira em torno de Ryan, um jovem gay com paralisia cerebral e que sempre foi superprotegido pela mãe, tirando dele a chance de ver o mundo pelo próprio ponto de vista, até que um dia ele decide que já é horar de morar sozinho e vivenciar o mundo com os próprios sentidos. Além da mudança de lar, essa nova jornada conta com um emprego, novos amigos e suas primeiras experiências sexuais.


Uma das características da série são seus episódios curtos, lembrando muito a série PLEASE LIKE ME, também da Netflix e que já tem resenha aqui. Esse formato além de facilitar a maratona, também é mais direto na mensagem que quer passar, e no caso é a importância de possibilitar condições para que qualquer pessoa possa ter acesso às mesmas experiências que qualquer outra; com isso percebemos que o corpo não deve ser algo que nos torne ou não especial perante a sociedade, mas sim sua capacidade de sentir; a não ser, é claro, que você seja um medalhista olímpico ou paraolímpico.


Além de superdivertida, SPECIAL é uma conquista notável por sua capacidade de dar voz a uma experiência raramente explorada. Ela oferece uma representação valiosa, lembrando-nos de que cada pessoa, independentemente de suas identidades interseccionais, tem direito a uma narrativa digna de ser contada, afinal, se somos todos seres únicos no mundo, então por definição somos todos especiais.

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