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Traumas


É inegável que algumas situações na juventude possam deixar marcas profundas pro resto da vida. Cicatrizes, psicológicas ou físicas, passam a protagonizar o presente, e experiências traumáticas do passado destroem as possibilidades de uma vida completa e feliz...é como se nunca pudesse existir um futuro. É triste a constatação de que isso é muito mais comum do que a gente pensa, e grande parte dos indivíduos que sofreram um trauma lidam com isso sozinhos, sem compartilhar com amigos, familiares ou terapeutas. A marca que poderia ser tratada ou pelo menos amenizada com ajuda correta, acaba se tornando um incomodo constante e pulsante, controlando tudo...cada sentimento.


O filme JONAS, disponível na Netflix fala exatamente sobre isso. Um adolescente introvertido e solitário, cujo nome é Jonas, é atraído por Nathan, o aluno novo e confiante da sua escola. Rapidamente o relacionamento dos dois vai se tornando mais do que apenas uma amizade, e ao que tudo indica com um belo futuro pela frente, uma vez que as famílias de ambos tenham criado uma certa afinidade. Mas mesmo nos mais tranquilos mares, existem dias de tempestade. Vale ressaltar que, ao contrário de Jonas, Nathan fazia o tipo extrovertido e destemido, um jovem que gosta de aproveitar a vida e ter histórias para contar.


O filme é brilhante em montar a dinâmica entre Jonas e Nathan, apesar de cair um pouco no clichê do jovem que não tem medo de se arriscar e quebrar as regras, corrompendo o bonzinho que nunca se mete em encrencas. Tudo isso é apresentado numa dinâmica de vai e vem oscilando entre passado e presente o tempo todo, e no presente não há sinal de Natham, mas sim um Jonas vivendo com o espírito Nathan de ser, no entanto com um ar melancólico e perdido.


O grande mistério do filme é justamente o que teria acontecido com Natham, já que a primeira cena da trama traz uma alucinação de Jonas com seu amado numa situação de desespero; mas só no final da obra que temos essa resposta.


Assistir JONAS criou em mim, por alguns dias, um vazio similar ao que provavelmente o protagonista sentia, mas de certa forma a poesia da cena final é um acalento para nossos corações. Vale a pena a experiência.

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