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Foto do escritorRafael Telles

Viver de aparência

Atualizado: 29 de set.

É certo que viver sob rígidas normas e expectativas sociais podem criar uma vida de aparências, onde a verdadeira identidade é reprimida e os relacionamentos são forjados em mentiras e atuações nem sempre bem-feitas. Essa necessidade de conformidade, muitas vezes motivada pelo medo do julgamento e da rejeição, nos leva a tomar decisões que aprisionam não apenas nós mesmos, mas também aqueles ao nosso redor. Quando a liberdade individual é sacrificada para manter uma fachada aceitável pela sociedade, todos acabam sofrendo as consequências. O armário suga sonhos e vidas inteiras.


O filme "O Baile dos 41", disponível no Telecine, exemplifica de maneira poderosa essa dinâmica destrutiva. Baseado em um evento real ocorrido no início do século XX no México, a narrativa conta a vida de Ignacio de la Torre, um deputado que vive uma vida dupla. Ignacio é casado com Amada Díaz, a filha do presidente, mas também se vê verdadeiramente apaixonado por Evaristo, com quem mantêm encontros proibidos numa sociedade secreta de homens gays, que anualmente celebra esse breve espaço de liberdade de seus membros com um baile. Mas quando se vive de aparências é fundamental que a atuação seja convincente, caso contrário, seu principal álibi pode se tornar seu maior inimigo.


Ignacio se casa com Amada por razões políticas e sociais, numa tentativa de proteger sua reputação e posição. No entanto, esse casamento de conveniência é desprovido de amor e respeito. Amada é tratada como um objeto, uma peça estratégica para manter as aparências, sem qualquer consideração por seus próprios desejos e sentimentos. Por outro lado, o romance entre Ignacio e Evaristo, um jovem que representa a liberdade e a paixão que Ignacio não pode expressar, é um refúgio oferecendo-lhe um vislumbre de felicidade genuína e conexão emocional.


“O baile dos 41” revela a devastação emocional causada por essa vida de mentira. Ignacio, completamente destroçado por dentro, representa todos aqueles que foram forçados a negar sua verdadeira identidade e com isso perderam seu grande amor. Amada, por sua vez, fica presa em um casamento infeliz, resultando em um ciclo de dor e ressentimento onde só há perdedores.



O Baile dos 41

Título original: El baile de los 41

1 h 39 min


Direção

Roteirista

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