No ensino médio, mais precisamente entre a quinta e sétima série de uma escola pública, eu era perseguido por apelidos pejorativos, o que mais durou foi Bailarino, mas eu até que gostei desse, porque ele tinha relação com as minhas, até então desconhecidas, habilidades no atletismo, principalmente no salto triplo; mas eu preferia Bailarino porque ele substituiu um apelido que eu odiava, Barbie, uma maneira ‘simpática’ de me chamarem de boneca. Não que bailarino fosse algo positivo, em sua origem era bailarinA no feminino mesmo, mas eu consegui contornar a situação e sair ileso do ensino fundamental, mas cada pessoa é única e nem todo mundo consegue lidar com as adversidades, o bullyig é uma roleta russa e a gente nunca sabe quando o gatilho poderá ser fatal.
O filme JOE BELL: VOCÊ NUNCA ANDARÁ SOZINHO, disponível no PRIME VIDEO, é baseado em fatos reais e conta uma história duplamente triste, então prepare os lenços. A trama conta o drama de uma família devastada pelas consequências do bullying; após anos de perseguições e muitas tentativas de pedir ajuda, Jadin, um adolescente de 15 anos, não suporta mais o peso de se sentir uma aberração e decide acabar com o sofrimento tirando a própria vida. (Acabei de pensar como isso se conecta com o filme NIMONA da Netflix.)
Após a morte do filho, Joe decide fazer algo para que a perda não tenha sido em vão, e inicia uma caminhada que levaria 8 mil quilômetros até o destino final de Nova Iorque, cidade em que o filho sonhava em morar, no trajeto Joe iria palestrando e conscientizando dos perigos do bullying na vida dos jovens.
A beleza dessa produção está na maneira como o Jadin está presente na história em forma de espírito que acompanha o pai pela caminhada, e gera cenas lindas como o dueto de pai e filho cantando BORN THIS WAY da Lady Gaga. São momentos que poderiam ter sidos compartilhados em vida e que teriam feito toda a diferença. No fundo a caminhada de Joe não era para conscientizar, mas sim pra tentar se livrar do peso da culpa.
Infelizmente o decorrer do filme é ainda mais triste, e nos faz refletir que não devemos perder tempo, e sempre demonstrar o quanto amamos as pessoas que importam pra gente.