Dizem que os amigos são a família que escolhemos, taí uma verdade. Os amigos são as pessoas com quem vamos estabelecer os vínculos mais significativos durante a vida; eles têm um papel importante para o nosso desenvolvimento psíquico e social. Mesmo que não fiquem por muito tempo, algumas pessoas só precisam cruzar nossas vidas para que transformemos um ao outro, e assim seguimos em frente. No entanto, outros ocupam o maior patamar possível de uma relação; é quando a amizade se equaliza com o amor e supera até mesmo a ideia de amor romântico, não que as duas coisas não possam acontecer simultaneamente, mas, considerando que as amizades mais próximas são quase sempre entre pessoas do mesmo sexo, e tendo em mente nosso contexto social machista, é evidente que, muitas vezes, perdemos a oportunidade de ficarmos com nossas verdadeiras almas gêmeas com quem realmente nos sentiríamos completos e felizes.
AS OITO MONTANHAS, filme italiano disponível no @imovision, fala basicamente sobre isso, o amor genuíno entre homens. A trama é sobre a amizade que se inicia entre dois garotos de onze anos, Pietro, um menino da cidade, e Bruno, a única criança de uma aldeia na montanha. Ao longo dos verões, a amizade dois cresce e se fortalece; mas num certo momento, a pessoa mais especial da sua vida desaparece sem adeus. O tempo pode ser implacável para a maioria das relações, mas, para as almas gêmeas, ele é só um detalhe. Já adultos os dois se reencontram para um projeto que só poderiam realizar juntos, e passando quatro meses unidos na montanha percebem que tinham exatamente tudo o que precisavam.
O filme oferece uma perspectiva interessante sobre o amor genuíno entre dois homens. Enquanto muitas narrativas focam em relacionamentos românticos, esta destaca a intensidade e complexidade das conexões emocionais e afetivas que podem se desenvolver entre amigos próximos. Em alguns momentos até sentimos que Bruno queria algo mais, mas não tinha coragem de pôr tudo em risco, e é esse medo que pode limitar toda uma vida.
Essa é uma verdadeira obra de arte; silenciosamente bela, introspectiva e capaz de fazer muito barulho dentro da sua cabeça, ou do seu coração.